Rio Melchior recebe rede de esgoto de Taguatinga, Ceilândia, Samambaia e parte de Recanto das Emas que desaguam no Corumbá IV sem tratamento adequado, aponta estudos da Secretaria Municipal de Meio Ambiente de Santo Antônio do Descoberto, com testes realizados pela UnB
Por Kleber Luiz
O Governo do Distrito Federal se considere aliviado por resolver o problema do abastecimento de água potável da capital do país. Porém estudos demonstram que o Rio Melchior, que recebe as redes de esgoto das Regiões Administrativas (RAs) de Taguatinga, Ceilândia, Samambaia e parte do Recanto das Emas, sem o tratamento adequado. O Melchior polui o Rio Descoberto que por sua vez, desagua no reservatório do Corumbá IV.
O Alerta é do prefeito de Santo Antônio do Descoberto, Adolpho Von Lohrmann, que após estudos realizados pela Secretaria Municipal de Meio Ambiente, Turismo, Recursos Hídricos, Minerais, Agro Ecológicos, Ciência e Tecnologia (SEMMA) do município, houve a constatação da contaminação do Rio Descoberto, que recebe a água do rio Melchior.
A constatação foi possível por meio dos níveis de amostras dos níveis de coliformes fecais das águas retiradas antes, durante e após os encontros dos rios Melchior e Descoberto. A análise foi realizada pela Universidade de Brasília (UnB), que demonstrou um alto índice de poluição do rio que recebe o esgoto das RAs do DF.
Segundo o secretário da SEMMA, Benedito Solano de Castro, embora a Caesb mantenha uma Estação de Tratamento de Esgoto (ETE) no Rio Melchior, ainda assim o nível de contaminação que segue para o rio Descoberto e chega ao Corumbá IV é alto. “O grande problema é que o despejo de esgoto no Melchior é maior que o volume de água do próprio rio.”, explicou.
Controversas
Solano lembra ainda que as autoridades sanitárias do DF, conhecem o problema de contaminação e que, em 2012, durante a gestão do ex-governador Agnelo Queiroz, o tema foi amplamente explorado, por meio da imprensa de Brasília.
“Embora a Caesb tenha alegado, à época, que a legislação permite o despejo de 5% a 10% de impurezas no Rio Melchior pela ETE, que afirma filtrar entre 90 e 95% dos resíduos, fato é que a água continua com um índice alto de contaminação, quando esse volume de esgoto supera a água do rio, há controversa quanto a salubridade e pureza da água devolvida pela ETE.”, explicou.
Rio Alagado
A contaminação do Corumbá IV pode ir além dos níveis de contaminação do rio Melchior, por meio do rio Descoberto. Isso porque, a barragem também recebe a água do rio Alagado, que passa por entre as RAs de Gama e Santa Maria.
Na última semana, a SEMMA também realizou testes dos níveis de coliformes fecais no rio Alagados, que também chegam ao Corumbá IV. Porém, os resultados das análises realizadas pela UnB, devem ficar prontos nos próximos dias.
Seminário
Do lado de Goiás, a SEMMA pretende realizar um seminário, ainda nesse mês, com a participação dos seis municípios do Entorno Sul e, em conjunto com o Comitê de Bacias Hidrográficas para tentar buscar uma solução para evitar a continuidade da contaminação do Corumbá IV.
Alerta
Com cerca de 60% do Corumbá IV, margeada pelo município de Santo Antônio do Descoberto, o prefeito Adolpho Von Lohrmann, que pleiteia ao DF, uma contrapartida, seja por meio de royatie ou compensação ambiental, faz o alerta para o perigo da contaminação do reservatório e para o desafio do novo governador do DF.
“Nos temos uma secretaria atuante, que faz o monitoramento, a fiscalização e aplica sanções quando identificamos a contaminação de nossas fontes hídricas e, com o Rio Descoberto não é diferente. No entanto, nós temos esse problema do Melchior que vem recebendo o esgoto desde Taguatinga, Ceilândia, Samambaia que contaminam o Descoberto no encontro dos dois rios, e mais a frente também do Recanto das Emas e essa contaminação deságua no Corumbá IV. Nós temos conversado com o Governo do Distrito Federal sobre esse problema, pois se nada for feito, daqui há alguns meses, a população do DF vai passar a consumir água contaminada com esgoto das cidades ao sul do DF.”, disse o prefeito.