Segundo autora, praticar a cidadania é determinante para o desenvolvimento de SAD
Na última semana, a Secretária Municipal de Comunicação (Secom) lançou a campanha 14 de Maio: Respeitando o passado, caminhando para o futuro, para celebrar o aniversário de emancipação do município. Nesse contexto, o projeto busca resgatar a identidade histórica e cultura da cidade, por meio de fatos, personagens e símbolos que antecedem até mesmo os últimos 39 anos.
Um destes acontecimentos foi a constituição do hino de Santo Antônio do Descoberto, instituído na virada do século, nos anos 2000, por meio de um decreto e celebrado na forma de um concurso aberto a toda comunidade. Para falar sobre este símbolo cívico, conversamos com a autora do hino, a professora Joana D’arc Ferreira.
Nascida no Distrito Federal, Joana veio morar em SAD, em 1986. Acolhida pela cidade, ela se formou em Letras, pela Universidade Estadual de Goiás (UEG), e passou no concurso para professora de português no município, em 1998. Repleta de curiosidade, Joana sempre se dispôs a conhecer Santo Antônio do Descoberto nos mínimos detalhes.
Seja pela geografia, história, literatura, arte ou qualquer outra ciência, o senso de pertencimento passa pelas narrativas transmitidas entre as gerações e são ressaltados pelos princípios e valores compartilhados nesse lugar. “Se nossos antepassados não nos contam essa história se perde em sua origem”, afirma.
De acordo com a professora, a história de uma cidade reflete a cidadania praticada por sua população. Para Joana, a cidadania é um conjunto de conhecimentos necessários para se apropriar do espaço público e, com isso, defender suas tradições culturais e projetar, a partir disso, o desenvolvimento adequado à realidade vivenciada.
Para Joana, a brecha na cidadania de SAD se dá, muitas vezes, pela caracterização do município como cidade dormitório. Grande parte da população se desloca diariamente para realizar seus ofícios no Distrito Federal, sem condições para acompanhar as necessidades coletivas ou oferecer às novas gerações esta sensação de pertencimento.
“Muitas vezes nos colocamos numa posição de cobrança às famílias, mas a realidade é que elas não vivem a cidade da mesma maneira que seus filhos. Por isso, a escola é fundamental para a aquisição desse contexto histórico e cultural”, aponta.
Nas salas do município, Joana apresentava aos alunos os lugares históricos e as manifestações tradicionais de SAD, desde sua fundação à emancipação. Além disso, incentivou muito colegas de profissão a fazer o mesmo em suas disciplinas. “Quando a escola reforça esses conhecimentos, os filhos podem compartilhá-los com seus pais e ampliar o olhar afetivo sobre o município”, destaca.
Ama, com fé e orgulho a terra em que nasceste. O trecho da poesia Pátria, do Jornalista e Poeta brasileiro, Olavo Bilac, expressa em Joana o anseio pela integração popular. É por este espírito coletivo e por sua contribuição histórica ao município que Joana D’arc Ferreira recebeu, em 2016, o título de cidadã santoantoniense.
SIMBOLO CÍVICO – O então secretário Municipal de Cultura João de Deus Meira, foi responsável pelo decreto que formulou o hino, em 2000. O edital lançado buscava a melhor letra e melodia que representasse o espírito santoantoniese. Segundo Joana, o edital foi muito organizado e carregava, com muita seriedade, essa vontade de construir o símbolo cívico. Em 2002 a Lei nº 496 ratificou o hino como bem público de SAD.
A primeira versão do hino passou por ajustes para se alinhar as determinações do edital, com a inclusão de aspectos históricos, geográficos e patrióticos. Tudo isso sem perder a emoção e subjetividade.
“Representa muito a opinião das pessoas que moram aqui, das que adotam a cidade e, sobretudo, para quem ama esse lugar. Eu acredito que não decepcionei a população”, expressa. Segundo a professora, o hino de SAD já foi citado por autoridades como um dos mais bonitos entre os municípios goianos, motivo de orgulho para Joana.
A contribuição de Joana D’Arc a Santo Antônio do Descoberto é histórica e será lembrada para sempre. Um dos desejos da professora é que o município valorize sua própria gente e que nossos espaços públicos sejam nomeados em homenagem tanto aos construtores da cidade quanto de quem ainda está vivo e se dedica ao desenvolvimento local.
“Não retiro o valor de todos os grandes nomes como Machado de Assis, Cora Coralina ou Fernando Sabino, mas a escolha destes representantes deve valorizar nossa identidade”, afirma.
O investimento dado às simbologias culturais é o que torna Santo Antônio uma cidade calorosa, onde muitos se conhecem e que se cumprimentam diariamente para desejar uma jornada tranquila. São pequenos símbolos de civilidade que afetam o amor do povo por uma cidade e a construção do hino, sem dúvida, é responsável por unir e transformar a vida dos moradores de SAD num lugar mais leve e de esperança.