O professor foi responsável pelo resgate histórico e cultural da cidade
Importante personagem para a construção histórica de Santo Antônio do Descoberto, João Meira (56), foi secretário de Cultura no início dos anos 2000, devido ao seu comprometimento com a formação identitária do município. Hoje (13), foi condecorado com o título de cidadão santoantoniense.
Como gestor, coordenou o concurso que estabeleceu a criação do hino da cidade, abalizado em homenagens feitas nesta semana pela campanha 14 de Maio: Respeitando o passado, caminhando para o futuro. Além disso, João foi o responsável pela pesquisa historiográfica de SAD, pelo qual reuniu um acervo concreto sobre a construção do município.
Para João, o resgate da memória da cidade e a criação de simbologias que permanecem ao longo dos anos é o que caracteriza a formação cultural de um lugar. A cultura de João representa um olhar antropológico que supera a prática assistencial ou o mero lazer, ela oferece identidade própria, com documentos, artefatos, imagens e personagens.
“Um povo sem cultura é um povo sem futuro. A cultura alimenta a cidade com sonhos e dele podemos elevar nossas riquezas”, expressa. Nesse ponto ele deseja que Santo Antônio não se limite à tradição goiana e aproveite a diversidade obtida pela cidade com pessoas vindas de todos os cantos do país.
TRAJETÓRIA – Desde 2013, atua como professor do Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial (Senac), após 26 anos de inauguração de seu primeiro salão em SAD. Na instituição profissionalizante, ele ministra aulas para múltiplas funções estéticas. “Desde então, eu tive a sorte de nunca mais trabalhar. Apenas me divirto cuidando de pessoas”, declara.
Mas nem sempre foi assim. Desde que chegou a SAD, em 1984, João Meira se entregou a inúmeros ofícios. Começou numa empresa de transporte público local, nas funções de cobrador e despachante, ao mesmo tempo em que investia no curso de cabeleireiro.
Nem de longe, ele imaginaria que o trabalho estético desempenhado por seu pai e avô, seria o caminho vocacional que ele seguiria para a vida. Afinal, seus parentes trabalhavam nesta função esporadicamente ou para colaborar com os amigos e vizinhos.
João queria mesmo era ser cantor. Na mesma época que pagou o curso de barbeiro, começou a estudar canto. A nova prática foi o estopim. Quando seu chefe o encontrou fazendo exercícios vocais no ambiente de trabalho, o demitiu por justa causa. “Aquilo foi apenas um empurrão, pois eu necessitava alçar novos voos”, declara.
E foi exatamente isso. João deu uma guinada em sua vida. De uma jornada incerta. Ele cravou seus caminhos em Santo Antônio e, assim como fizeram os antigos Bandeirantes nesta região, encontrou uma cidade brilhante e cheia de oportunidades. Nesta quinta-feira, 13 de maio, ele foi reconhecido pelo município como cidadão santoantoniense.
PESQUISA – Santo Antônio do Descoberto possuía inúmeras histórias contadas pelo povo sobre a cidade. Enquanto secretário, João decidiu iniciar uma pesquisa para validar essas informações. “Nós precisávamos ver essa história de forma científica, não podíamos deixar essa história mudar constantemente, então fomos buscar respostas”, pontua.
Nesse percurso, visitou Goiânia, Cidade de Goiás, antiga capital do estado, e Luziânia, município que deu origem a SAD. No município vizinho, encontraram documentos que datam o período em que o estado era capitania da coroa portuguesa. Na cidade também conheceram Joseph de Melo Alvares, primeiro historiador de Luziânia que escreveu sobre os primeiros 50 anos da cidade goiana, contados a partir de 1857.
Dessa jornada João constituiu, juntamente com o historiador Carlos Carvalho e o jornalista local, Valter Melo, o livro Santo Antônio do Descoberto: sua origem, sua história e sua gente, lançado em 2002. A obra conta as memórias do município, desde a exploração da região, divisão das terras, doação do território à Paroquial. No material apresentado também podemos constatar as disputas políticas, curiosidade e a consolidação da emancipação do território, em 1982.